@MASTERSTHESIS{ 2023:1308564292, title = {A bruxa nas histórias em quadrinhos, de Ju Loyola : entre discursividades, silêncio e intericonicidade}, year = {2023}, url = "http://www.bdtd.ueg.br/handle/tede/1480", abstract = "Historicamente, a construção discursiva em torno da bruxa se desenvolveu de forma preponderante no discurso religioso e construiu uma imagem que passou a residir no imaginário coletivo, atribuindo significados particulares ao feminino. Tal formulação repercute diretamente sobre mulheres reais, culminando em uma efetiva perseguição a esse grupo. Nas Histórias em quadrinhos (HQs), de Ju Loyola, a bruxa retorna em enunciados sem palavras capazes de resgatar imagens externas, inscritas nas redes discursivas que produzem a bruxa; e, ainda, imagens internas as quais construímos na imaginação. Perante isso, esta dissertação tem como objetivo geral analisar as discursividades produzidas sobre o corpo da bruxa, como alegoria do feminino, nas Histórias em Quadrinhos The witch who loved- volume 1 (2015) e The witch who loved- volume 2 (2018), de Ju Loyola. Como objetivos específicos, intentamos: i) descrever os trajetos discursivos e o acionamento de redes de memória que constituem sentidos sobre a bruxa; ii) investigar possibilidades para a materialização do silêncio nos quadrinhos por meio de enunciados visuais e práticas de silenciamentos; bem como iii) demonstrar como ocorrem os processos de subjetivação/objetivação e, por fim, dessubjetivação da sujeita bruxa. Por isso, inscrevemo-nos no campo da Análise de Discurso foucaultiana (1978; 1987; 1988; 1996; 1999; 2001; 2003; 2004; 2008; 2011), tendo como base o método arqueogenealógico que, na perspectiva arqueológica, visa a analisar o discurso como prática histórica na construção de saberes descontínuos, amalgamada à genealogia do poder que intenta analisar o funcionamento de práticas que, relacionadas a acontecimentos históricos, produzem saberes e controlam os corpos, tendo efeitos nos modos de subjetivação-objetivação dos sujeitos (FOUCAULT, 2004). Nesse sentido, para abordar a atuação de possíveis formas de silêncio nas HQs, faremos uma interface com os estudos de Eni Puccinelli Orlandi (2007). Ainda, estabeleceremos diálogos com as pesquisas de Jean-Jacques Courtine (2011; 2013), a fim de mobilizar a noção de intericonicidade, Nilton Milanez (2021), para compreender o conceito foucaultiano de dessubjetivação, e com a pesquisa de Silvia Federici (2017) acerca da história das mulheres interligada à transição do sistema feudal para o sistema capitalista. Diante das análises desenvolvidas, evidenciamos como a imagem da bruxa dos quadrinhos aciona representações de mulheres reais e ficcionais de forma não linear, tendo em vista as várias formulações para a bruxa no decorrer da história. Ademais, vimos que o período de caça às bruxas não foi, deveras, apenas um processo jurídico contra as práticas de feitiçaria, mas sim uma busca por desfazer a ameaça que as mulheres representavam às relações de poder que demarcam as construções de identidades de gênero. Também observamos que os quadrinhos no formato sem palavras não podem ser considerados silenciosos, pois, discursivamente eles desvelam, nos pormenores das imagens, práticas de silenciamento que atuam sobre o corpo feminino. Além disso, mostramos como o nosso olhar produz uma visão subjetivadora para a bruxa dos quadrinhos atravessada pelo funcionamento de dispositivos de normalização que objetivam o bom funcionamento do corpo. Por fim, os gestos de análises mobilizados neste texto dissertativo apontam que a bruxa das HQs se retira da sua subjetividade, reconfigurando a si mesma por meio de uma experiência-limite (MILANEZ, 2021), uma metamorfose do corpo e de sua conduta, um abandono de si.", publisher = {Universidade Estadual de Goiás}, scholl = {Programa de Pós-Graduação Strito sensu em Língua, Literatura e Interculturalidade (POSLLI)}, note = {UEG ::Coordenação de Mestrado em Língua, Literatura e Interculturalidade} }